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  24/06/2016 - Artigo do Presidente do Sistema Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn - O preço do populismo na sua conta de luz
 


Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS

Era 7 de setembro de 2012, pouco antes das eleições municipais. Um pronunciamento da presidente da República em horário nobre anunciava: a conta de luz, em fevereiro, cairia, abrindo espaço para o consumo das famílias e para a maior competitividade das empresas. O governo se comprometia a retirar uma série de tributos e anunciava uma profunda reforma no setor elétrico, prometendo uma diminuição de 16% da conta de luz das famílias, o que se concretizou em fevereiro de 2013.

Como já havia a ideia de se fazer essa reforma, no início de 2012, época do vencimento de muitos contratos de longo prazo, o governo federal não fez o leilão de energia apostando que as distribuidoras aceitariam as novas regras. Porém, quando fevereiro chegou, o cenário era completamente diferente do previsto: muitas empresas não toparam, a seca se acirrou e o preço da energia havia disparado.

O governo manteve a promessa e pagou para ver. E pagou muito caro por cada megawatt. No início de 2012, o preço da energia no mercado livre era de R$ 80,00 por MWh. No começo de 2014, já tinha atingido R$ 822,00 por MWh. A conta de luz, por sua vez, permanecia estacionada.

O governo impediu que os preços fizessem seu papel no mercado: revelar a escassez relativa das coisas. Estimulou o uso da energia e nos fez pagar essa conta enquanto contribuintes. Diante da necessidade inadiável de ajustar as finanças públicas, o Tesouro não poderia continuar arcando com essa despesa.

E a conta subiu para todos nós. Não aos poucos, em uma escadinha, esperando que todos tomassem fôlego para subir o próximo degrau. Subiu da noite para o dia, e quando todos haviam pensado que já tinha aumentado muito, subiu mais uma vez. As famílias perderam poder de compra, e as empresas, competitividade. Não há dúvida de que a seca torna cara a energia, mas o que todos nós precisamos ter em mente é que a parte mais alta da conta vem do populismo irresponsável que, cedo ou tarde, sempre cobra seu preço.

Artigo publicado originalmente no Jornal do Comércio, em 23/03/2015

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