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  15/06/2020 - A conta deixada pela covid-19 está mal dividida
 


Artigo escrito pelo presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, para a Zero Hora desta segunda-feira (15/06).

A conta deixada pela covid-19 está mal dividida

Luiz Carlos Bohn
Presidente da Fecomércio-RS
A pandemia vai deixar duas pesadas contas. A primeira delas é relativa às vidas perdidas. Essa conta será paga com dor, tristeza e saudade por cada família que perdeu um ente querido para a covid-19. Mas há ainda uma segunda conta que terá de ser paga, em reais, pela sociedade brasileira. Refiro-me aos grandes gastos que estão sendo feitos pelo governo federal para fazer frente aos prejuízos econômicos associados ao coronavírus e às medidas de quarentena.
Além da perda de arrecadação, houve gastos extras com destinação de recursos ao Ministério da Saúde, gastos com o auxílio emergencial, despesas com o seguro-desemprego, transferências de recursos para apoiar Estados e municípios, entre outros. As estimativas ainda não são definitivas, mas a maioria delas aponta para a necessidade de gastos adicionais de R$ 500 bilhões.
Até o momento, o governo federal e o Congresso indicam que o pagamento dessa conta tem sido feito pela elevação da dívida pública federal. Vamos tomar recursos emprestados dos nossos filhos e netos para pagar a conta financeira da covid-19.
Há, contudo, uma forma de reduzir substancialmente a elevação do endividamento público: cortando parte dos salários dos servidores públicos estaduais, federais e municipais. Até agora, toda a conta tem sido paga por quem não prestou concurso público. São os brasileiros de segunda linha. Eles se aposentam em condições piores e não têm estabilidade laboral. Não é suficiente congelar os reajustes dos servidores. Isso é o mínimo. É preciso dividir a conta da covid-19 com os servidores públicos, aqueles que não têm os riscos assumidos pelos empreendedores e pelos trabalhadores da CLT.
No Rio Grande do Sul, dividir melhor essa conta é ainda mais premente. O governador já deu o exemplo moral reduzindo o seu salário. Mas isso não gera impacto financeiro. Precisamos de uma PEC que reduza, mesmo que temporariamente, os salários dos servidores públicos dos três poderes e nas três esferas de governo. Um caminho para os setores público e privado, com ou sem privilégios, receberem uma parte adequada desse boleto chamado coronavírus.

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